Talvez uma observação muito prosaica, mas tenho refletido sobre o quanto a pandemia mudou o mundo de maneiras que estão completamente não relacionadas à própria pandemia. Acho que subestimei isso até agora. Em uma entrevista recente, fiquei impressionado com o comentário de que tantas das lojas que associamos ao melhor da França— as poissonneries e as fromageries— fecharam durante a pandemia, sendo substituídas por lojas de pizza para levar e afins. Professores universitários quase uniformemente descrevem grandes mudanças no comportamento dos alunos: a frequência às aulas e a disposição dos alunos para completar as leituras estão ambas muito em baixa. Um funcionário do governo do Reino Unido me disse recentemente que as estatísticas econômicas britânicas se tornaram muito menos confiáveis desde a pandemia: os dados sobre comércio, emprego e população são suspeitos. (Os verdadeiros números do PIB per capita provavelmente são piores do que o indicado pelos dados publicados, uma vez que se acredita que o censo de 2021 foi uma subcontagem.) No Ocidente, há muito menos locais de trabalho movimentados do que costumava haver. Em uma conversa recente com um amigo bem viajado, ele lamentou como tantas cidades— lugares como Madrid, Buenos Aires e Bali— perderam muito de sua vibrante vida noturna anterior. A imigração acelerou enormemente em muitos países, incluindo os EUA, o Reino Unido, o Canadá e a Austrália. Na China, ouço descrições de como o medo, a cautela e o conservadorismo persistiram desde os lockdowns da COVID. (E as viagens ocidentais para a China continuam massivamente deprimidas.) Muitas das mudanças são neutras, ou até boas. A participação do varejo no mercado de ações dos EUA quase dobrou da noite para o dia, e tem persistido nessa taxa elevada. A criação de empresas nos EUA aumentou em cerca de 50%, o que provavelmente é uma coisa muito boa. No geral, o número de séries temporais (sejam literais ou figurativas) que saltaram de forma descontínua durante a COVID e depois não retornaram à linha de base é simplesmente muito impressionante. Quais são os melhores análogos históricos? Existem algum além de guerras maiores? Quero ler este livro!